Craig Wright, um empresário australiano conhecido por suas polêmicas reivindicações como criador do Bitcoin, enfrenta sérias consequências legais no Reino Unido. Wright foi condenado a 12 meses de prisão por desacato ao tribunal, resultado de uma longa disputa envolvendo processos bilionários contra desenvolvedores de Bitcoin e a empresa Block, fundada por Jack Dorsey, criador do Twitter.
No centro da controvérsia está a acusação de que Wright violou uma liminar judicial que o proibia de reivindicar direitos de propriedade intelectual sobre o Bitcoin ou de se apresentar como Satoshi Nakamoto, pseudônimo do criador da criptomoeda. A ação movida por ele no Reino Unido ultrapassava 911 bilhões de libras esterlinas (cerca de R$ 6,6 trilhões), mas incluía alegações baseadas em documentos que o tribunal considerou falsificados.
Durante o julgamento, um dos pontos que mais chamaram atenção foi a inclusão de uma entidade inexistente chamada “BTC Core” como réu na ação judicial. Wright descreveu a entidade como uma parceria de mais de 100 empresas e desenvolvedores ligados ao Bitcoin, mas o tribunal classificou essa alegação como “uma violação flagrante” das ordens judiciais e rejeitou suas provas como fabricadas.
A postura de Wright durante o processo também contribuiu para o agravamento de sua situação. Ele optou por não comparecer presencialmente a uma audiência de desacato marcada para o dia 18 de dezembro, alegando estar na Ásia e enfrentar dificuldades financeiras para custear a viagem ao Reino Unido. Wright argumentou, através de e-mails, que precisaria de 240 mil libras para cobrir as despesas relacionadas à viagem.
No entanto, o juiz considerou as justificativas de Wright exageradas e infundadas, apontando que ele teve mais de seis semanas para se organizar. Mesmo advertido, Wright compareceu remotamente por videoconferência, mas recusou-se a informar sua localização exata, o que levou o juiz a sugerir que ele estava consciente dos países sem tratados de extradição com o Reino Unido, indicando possível tentativa de fugir das consequências legais.
Em sua decisão, o juiz Mellor foi contundente ao afirmar que as evidências apresentadas por Wright eram forjadas em larga escala. O tribunal destacou a gravidade de suas ações, que não apenas desafiaram ordens judiciais anteriores, mas também buscaram manipular o sistema legal com provas fabricadas e acusações infundadas.
A condenação de Craig Wright marca um novo capítulo em sua tumultuada história de disputas legais e reivindicações controversas, trazendo à tona questões sobre os limites das ações judiciais e a responsabilidade de quem tenta explorar o sistema legal para benefício próprio.