A empresa Tether, conhecida pela sua stablecoin USDT, decidiu transferir sua sede para El Salvador, um movimento que reflete o esforço do país em se posicionar como um centro global de negociações de criptomoedas. O CEO da Tether, Paolo Ardoino, anunciou que, além da mudança da empresa, ele e outros cofundadores também se mudarão para o país, que já é visto como um ambiente favorável ao setor cripto desde que o presidente Nayib Bukele tornou o Bitcoin uma moeda de curso legal, ao lado do dólar americano.
Essa movimentação de Tether para El Salvador ocorre após a empresa obter uma licença como prestadora de serviços de ativos digitais no país, permitindo-lhe operar de maneira oficial no mercado local. Ardoino destacou que, embora a sede da Tether agora esteja localizada fisicamente em El Salvador, a maior parte de seus mais de 100 funcionários continuará trabalhando remotamente, já que este será o primeiro escritório físico da empresa. Até o momento, a Tether tinha sua sede nas Ilhas Virgens Britânicas.
O USDT, a stablecoin de maior destaque da Tether, tem sido essencial na conexão entre o mercado de criptomoedas e o sistema financeiro tradicional. Essa criptomoeda é projetada para manter um valor estável, atrelado a moedas fiduciárias, o que facilita as transações de criptos sem expor os usuários às flutuações de preços comuns nesse mercado. Atualmente, o USDT responde por cerca de dois terços do mercado de stablecoins, que, segundo dados da CoinGecko, alcançou um valor de mercado de US$ 212 bilhões, com um crescimento de 45% no último ano.
Entretanto, o crescimento acelerado das stablecoins tem gerado preocupações entre os reguladores, que temem os riscos que esses ativos podem trazer ao sistema financeiro global. As stablecoins, ao servirem como ponte entre o setor cripto e os mercados tradicionais, poderiam criar vulnerabilidades se não forem adequadamente supervisionadas. A Tether, por sua vez, tem enfrentado críticas devido à falta de transparência sobre suas reservas, embora tenha reiterado que a maior parte de seus ativos está em títulos do Tesouro dos Estados Unidos, geridos pela corretora Cantor Fitzgerald, localizada em Wall Street. Ardoino enfatizou que a grande maioria desses títulos está sob gestão da Cantor, com a liquidez adicional mantida em outros bancos.
Para responder às preocupações regulatórias, a Tether tem intensificado a fiscalização sobre o uso de seus tokens, com o objetivo de evitar atividades ilícitas. Quanto à possibilidade de expandir suas operações para outros mercados, Ardoino mencionou que a empresa ainda não possui licenciamento na União Europeia e não tem planos de se estabelecer nos Estados Unidos por ora, considerando as incertezas regulatórias do país. Ele também afirmou que é “muito prematuro” especular sobre mudanças caso Donald Trump seja reeleito, embora o cenário tenha gerado otimismo no setor cripto, com promessas de uma regulamentação mais favorável e a criação de uma reserva estratégica de Bitcoin nos Estados Unidos.
A mudança de sede da Tether para El Salvador fortalece as ambições do país de atrair grandes players do mercado cripto, além de potencializar a visibilidade do país como um centro de operações para criptomoedas. Apesar das críticas e dos desafios regulatórios, a Tether continua sendo uma das empresas centrais no ecossistema de stablecoins, desempenhando um papel vital na integração dos mercados financeiros tradicionais com o universo das criptomoedas.
