As novas listagens de tokens em exchanges centralizadas, como a Binance, têm gerado grandes movimentações no mercado, semelhantes ao que ocorre em uma bolsa de valores com riscos amplificados. O comportamento volátil dos preços leva a ganhos rápidos para alguns, mas, em muitos casos, resulta em perdas significativas em um curto espaço de tempo. Apesar de atrair investidores à procura de oportunidades de altos retornos, essa dinâmica costuma se repetir, levando à queda dos preços logo após o pico inicial.
A análise mais detalhada das listagens recentes na Binance revela um padrão recorrente: logo após o lançamento, os preços dos tokens disparam, mas rapidamente desabam, estabilizando-se em níveis bem mais baixos.
Nos primeiros meses de 2025, a plataforma listou diversos tokens que seguiram esse comportamento. Entre eles, temos o LAYER (DeFi), que foi listado em 11 de fevereiro e viu seu valor cair 50% após atingir a alta inicial. O TST, uma memecoin, listado em 9 de fevereiro, perdeu 80% de seu valor. O BERA, um blockchain de camada 1, caiu 38% desde seu lançamento em 5 de fevereiro. O ANIME, um token de cultura, despencou 74% desde a listagem em 22 de janeiro. E o TRUMP, outra memecoin, viu uma queda de 82% após sua entrada no mercado em 19 de janeiro. Outros tokens, como o SOLV (DeFi), que foi listado em 17 de janeiro, e o COOKIE (MarketingFi), que entrou no mercado em 10 de janeiro, perderam 78% e 74% de seu valor, respectivamente.
A exceção que se destaca até o momento é o BERA, que, devido a fundamentos sólidos e a uma comunidade engajada, parece ter alguma chance de recuperação. Já o KAITO, listado em 19 de fevereiro, ainda não tem um destino claro. No entanto, essa queda quase imediata após as listagens não se restringe aos tokens DeFi ou memecoins, mas também se repete em setores como IA e biotecnologia.
Alguns especialistas defendem que todas as novas listagens estão sujeitas ao ciclo de “pump and dump” (alta e queda rápida). Contudo, há evidências de que isso não ocorre da mesma maneira em todas as exchanges. Um exemplo disso é o IP, listado na Gate.io em 13 de fevereiro, que viu seu preço subir quase 5 vezes desde então. Outro caso é o HYPE, listado na KuCoin em 7 de dezembro, que teve um bom desempenho sem a queda drástica observada em outras plataformas.
Além disso, em algumas situações, quando a Binance lista tokens que já estavam disponíveis em outras exchanges, o padrão de “pump and dump” também se repete. Por exemplo, o CGPT, que estava sendo negociado desde abril de 2023, teve seu preço dobrado brevemente após a listagem na Binance em janeiro, mas logo despencou abaixo dos níveis anteriores. O token CAT, que subiu 54% no dia da listagem em 17 de dezembro, perdeu 86% de seu valor em seguida. O VELO, que estava disponível desde 2022, subiu 147% no dia de sua listagem na Binance em 13 de dezembro, mas depois perdeu 83%. Curiosamente, quando o VELO foi listado na Kraken em 18 de fevereiro, não houve grandes variações no preço.
A razão para essas quedas dramáticas pode ser explicada por vários fatores, sozinhos ou em combinação. O mais evidente é que a listagem oferece uma oportunidade de saída para insiders e investidores de risco (VCs), que podem vender suas participações assim que os tokens são lançados, antes que a demanda real se forme no mercado. Isso pode indicar que o projeto não tem interesse ou utilidade de longo prazo.
Além disso, a oferta inicial limitada e a baixa liquidez também são fatores cruciais. Quando o fornecimento de tokens é restrito no início, os primeiros compradores podem impulsionar rapidamente os preços. Porém, quando mais tokens são disponibilizados, seja por meio de desbloqueios de equipes ou liberações programadas, a escassez artificial desaparece, resultando na correção dos preços.
Outro aspecto importante é o papel do hype e da especulação. Exchanges como a Binance, com sua enorme base de usuários e forte reconhecimento de marca, podem gerar uma “efeito cassino”, onde os traders entram em uma corrida, esperando lucros rápidos, ao invés de um valor sustentável. Também existe a possibilidade de que as exchanges possam, teoricamente, manipular a demanda de forma a gerar grandes volumes de negociação, embora não haja provas concretas disso. Binance, por sua vez, garante que possui uma estrutura de monitoramento robusta para identificar e agir contra abusos de mercado.
Esses fatores, juntos, formam um cenário em que muitas novas listagens nas exchanges centralizadas resultam em perdas consideráveis para os traders que se aventuram na busca por ganhos rápidos.
