O investidor de criptomoedas Murad Mahmudov voltou a ganhar destaque após análises on-chain revelarem que ele detém mais de US$ 70 milhões em memecoins — fruto de aportes que, somados, não ultrapassam os US$ 2 milhões. O dado impressionante reacendeu a discussão em torno da teoria do “superciclo” dos memecoins, defendida pelo próprio Mahmudov, segundo a qual esses ativos estão redefinindo a dinâmica do mercado cripto.
O maior responsável por esse desempenho extraordinário é o token SPX6900. Mahmudov teria entrado no ativo quando ele ainda valia um centavo; desde então, a valorização ultrapassou 10.000%, com o preço atual acima de US$ 2,20. Apenas com essa memecoin, os ganhos ultrapassam US$ 66 milhões. Porém, nem todas as apostas tiveram sucesso: APU, por exemplo, caiu 53%, resultando em uma perda de cerca de US$ 86 mil.
Apesar dos lucros ainda não realizados, a possibilidade de Mahmudov vender suas posições levanta preocupações. Por estar fortemente associado à promoção do SPX, qualquer movimento de saída pode desencadear pânico entre os investidores de varejo, especialmente entre os que compraram com base na sua teoria de que os memecoins representam a próxima fase do ciclo cripto.
Para Mahmudov, os memecoins não devem ser avaliados pelos seus fundamentos, mas sim pela sua força cultural. Em sua apresentação na conferência Token2049 em Singapura, ele descreveu essas moedas como “cultos digitais”, impulsionados por elementos como humor, identidade comunitária e pertencimento — mais do que utilidade prática.
Contudo, sua abordagem não é unânime. O investigador de blockchain conhecido como ZachXBT levantou suspeitas de manipulação de mercado, acusando Mahmudov de promover moedas nas quais já havia acumulado grandes quantidades. As movimentações de suas carteiras costumam coincidir com momentos em que ele faz recomendações públicas, o que reforça as acusações de atuação coordenada.
O contexto mais amplo também é relevante. Em julho, o setor de memecoins atingiu um valor de mercado de US$ 85 bilhões, embora tenha sofrido uma leve retração depois. Enquanto alguns analistas veem nesse segmento o mais dinâmico do ecossistema cripto atual, outros o classificam como um sintoma claro do excesso especulativo em meio à falta de narrativas consistentes.
Entre críticas e elogios, Mahmudov continua moldando o debate sobre esse nicho cada vez mais barulhento das criptomoedas. Visionário ou oportunista, suas apostas refletem e influenciam o modo como os memecoins são percebidos — em um ambiente onde comunidade e narrativa parecem pesar tanto quanto a tecnologia.