A Trump Media and Technology Group, responsável pela rede social Truth Social, anunciou que irá implementar um programa de recompra de ações no valor de até US$ 400 milhões. Segundo comunicado divulgado na segunda-feira, essa decisão não interfere nos planos da companhia de constituir uma tesouraria em Bitcoin, utilizando recursos que ultrapassam US$ 2 bilhões.
Inicialmente, a empresa havia negado as especulações sobre uma possível captação de cerca de US$ 3 bilhões destinados a investimentos em criptoativos. Entretanto, posteriormente confirmou ter estruturado um financiamento de US$ 2,5 bilhões, especificamente voltado para a aquisição de Bitcoin. Parte dessa estratégia incluiu uma oferta privada que, de acordo com o comunicado, levantou aproximadamente US$ 2,3 bilhões.
O plano da companhia foi formalizado após a aprovação da Securities and Exchange Commission (SEC), que em junho autorizou o registro da operação relacionada à compra de Bitcoin. O processo envolveu a revenda de 56 milhões de ações e outras 29 milhões vinculadas a notas conversíveis, estruturadas dentro de acordos de dívida e participação acionária.
Paralelamente a esse movimento, a Trump Media também protocolou um pedido para lançar um ETF (fundo negociado em bolsa) de Bitcoin à vista. Além disso, a Truth Social apresentou uma solicitação separada para listar e negociar um ETF duplo, que inclui tanto Bitcoin quanto Ether. A SEC, que desde janeiro de 2024 permite ETFs lastreados em Bitcoin à vista e, desde maio do mesmo ano, também aprova ETFs de Ether, é quem conduz a análise dessas propostas.
As iniciativas da Trump Media caminham em consonância com os projetos do presidente Donald Trump, que, em março, assinou uma ordem executiva propondo a criação de uma “Reserva Estratégica de Bitcoin” e de um “Estoque de Ativos Digitais”. Esses mecanismos teriam como finalidade custodiar criptoativos apreendidos pelo governo dos Estados Unidos, embora assessores próximos ao presidente tenham sugerido ampliar esse estoque por meio de outras estratégias.
As movimentações, no entanto, geraram reações no Congresso. Integrantes do Subcomitê Permanente de Investigações do Senado norte-americano acusam o presidente de utilizar sua posição no governo para beneficiar empresas do setor de criptomoedas, especialmente por meio da criação dessas reservas de ativos digitais.
Coincidentemente, no mesmo dia em que a Trump Media divulgou seu programa de recompra de ações e reafirmou sua estratégia voltada para o Bitcoin, o senador Adam Schiff, da Califórnia, apresentou um projeto de lei que visa proibir que o presidente dos Estados Unidos, sua família e demais autoridades públicas possam emitir, patrocinar ou promover ativos digitais. Caso a legislação avance, ela poderá colocar em xeque os planos da Trump Media, uma vez que a empresa carrega diretamente o nome do presidente.