Na última sexta-feira (24), a Reuters informou que a Venezuela deteve 21 pessoas ligadas a um amplo esquema de corrupção com criptomoedas na companhia estatal de petróleo, a Petróleos de Venezuela SA (PDVSA). Entre os presos, 11 são empresários e dez são funcionários públicos. Além disso, o governo emitiu ordens de prisão para outros 11 suspeitos.
Investigação e declaração do procurador-geral
A operação é fruto de uma investigação iniciada em outubro de 2022, que envolveu a PDVSA, o sistema judiciário e a agência reguladora de criptomoedas do país, a Sunacrip.
O procurador-geral Tarek Saab, em entrevista coletiva, descreve a situação como “uma das conspirações mais escandalosas dos últimos tempos”, envolvendo servidores públicos, empresários corruptos e jovens, inclusive as chamadas “mulheres da máfia”, que participaram de corrupção e lavagem de dinheiro.
Embora Saab não tenha fornecido detalhes específicos das empresas envolvidas ou do esquema completo, mencionou que a Sunacrip comercializou cargas de petróleo sem supervisão adequada, o que permitiu a aquisição dessas cargas sem pagamentos registrados.
Em 2019, os EUA descobriram que as remessas de petróleo da Venezuela eram pagas com criptomoedas, levando à imposição de sanções contra o país.
Em fevereiro de 2023, a imprensa local relatou que dois corretores de petróleo enfrentaram acusações por realizar transações ilegais de petróleo com a PDVSA, usando Tether (USDT) para driblar sanções e pagamentos de liquidação.
O escritório de Saab já investigou mais de 30 casos relacionados à corrupção no setor petrolífero venezuelano, resultando na acusação de quase 200 pessoas. Na semana passada, diversos funcionários do governo e empresários foram presos ou afastados de suas posições.
Pedido de investigação e mudanças na PDVSA
No dia 20 de março, procuradores venezuelanos especializados no combate à corrupção enviaram uma carta ao procurador-geral, pedindo uma investigação sobre os funcionários da PDVSA. Isso resultou na renúncia do presidente da empresa no mesmo dia.
Pouco depois, o presidente da Venezuela nomeou Pedro Tellechea como novo ministro do Petróleo e presidente da PDVSA.
A Sunacrip, Superintendência Nacional de Criptoativos e Atividades Relacionadas, é a agência oficial responsável pela regulamentação das criptomoedas na Venezuela. Em 18 de março, notícias locais reportaram a prisão do diretor da Sunacrip, Joselit Ramirez, e de outros funcionários do governo, acusados de envolvimento em esquemas de corrupção.
Com as prisões e as investigações em curso, o governo venezuelano busca combater a corrupção e a lavagem de dinheiro no setor petrolífero e na esfera das criptomoedas.
Essas ações também visam a restaurar a confiança na PDVSA e nas instituições governamentais, em meio à crise econômica e política enfrentada pelo país.