As Moedas Digitais do Banco Central (CBDC) estão sendo consideradas a próxima grande mudança no cenário financeiro global, de acordo com Vanesa Meyer, Vice-Presidente de Inovação e Design da Visa para a América Latina e Caribe. Embora a transição para esta nova modalidade de dinheiro digital prometa revolucionar os sistemas financeiros, Meyer salienta que ainda existem desafios significativos a serem superados.
Meyer esclarece que as CBDCs, sendo uma forma virtual de dinheiro emitida diretamente pelos bancos centrais, são atualmente exploradas por mais de 100 países. O objetivo é melhorar a estabilidade, resiliência e eficiência dos sistemas financeiros. No entanto, cada país e banco central têm metas específicas para suas respectivas CBDCs, variando desde a inclusão financeira até a manutenção da soberania monetária.
Existe uma divisão principal nas formas de CBDCs. Por um lado, temos as de varejo, destinadas ao público em geral e utilizadas por bancos centrais como o da China com o Yuan Digital. Por outro lado, temos as CBDCs de atacado, projetadas para transações de alto valor entre instituições financeiras, como é o caso do Real Digital no Brasil.
A introdução de CBDCs na América Latina e Caribe poderia desbloquear valor significativo. Porém, para garantir uma adoção ampla, é preciso superar uma série de obstáculos, principalmente relacionados às CBDCs de varejo e à aceitação pelo público, de acordo com Meyer.
A Visa realizou um estudo em parceria com especialistas em criptomoedas para entender as percepções dos consumidores e comerciantes em relação às CBDCs de varejo. Meyer revela que os resultados do estudo indicaram que a confiança do usuário e a digitalização são fundamentais para a adoção bem-sucedida de CBDCs de varejo.
A desconfiança em relação às capacidades tecnológicas dos governos e dos bancos centrais para criar uma infraestrutura robusta para as CBDCs está crescendo. A preocupação com a privacidade e independência que uma CBDC pode oferecer é outra questão relevante.
Portanto, o público procura um modelo híbrido no qual governos e setor privado se unam para oferecer experiências seguras e confiáveis com dinheiro digital. Além disso, Meyer enfatiza que é importante apresentar a CBDC como uma alternativa ao dinheiro tradicional, e não como uma substituição obrigatória.
Meyer destaca que, para impulsionar o uso de CBDCs de varejo, é crucial acelerar o processo de digitalização e aumentar os níveis de inclusão financeira. Além disso, a transparência e o controle total sobre dinheiro, propriedade e informações são necessários para os usuários.
Meyer conclui que, apesar dos obstáculos, as oportunidades proporcionadas pelas CBDCs superam os desafios. Ela menciona que a Visa e seus especialistas em CBDC estão trabalhando para criar um ecossistema de pagamentos mais eficiente, seguro e sem atritos.