O cenário de investimentos corporativos em criptoativos ganhou um novo protagonista nesta semana: o BNB, token vinculado à Binance. A Nano Labs, empresa chinesa especializada em infraestrutura blockchain e com ações negociadas em bolsa, revelou nesta terça-feira um ambicioso plano para incorporar bilhões de dólares da criptomoeda em sua tesouraria corporativa. A notícia provocou uma reação imediata no mercado: as ações da empresa chegaram a quase triplicar de valor logo após a divulgação.
A primeira etapa do plano envolve a compra de US$ 1 bilhão em BNB. Para financiar essa aquisição, a companhia utilizará recursos provenientes da emissão de notas promissórias conversíveis, com investidores já comprometidos em subscrevê-las. Essas notas poderão ser convertidas, após 360 dias, em ações Classe A da Nano Labs, com preço inicial de conversão fixado em US$ 20 por ação.
O objetivo declarado da Nano vai além da compra inicial. A empresa afirma que pretende alcançar entre 5% e 10% de toda a oferta circulante de BNB, o que representa atualmente um volume estimado entre US$ 4,7 bilhões e US$ 9,4 bilhões. Essa estratégia coloca a Nano como um dos maiores players corporativos a investir em BNB, um token que tradicionalmente é utilizado para pagamentos de taxas e serviços dentro da plataforma Binance — considerada a maior corretora centralizada de criptomoedas do mundo.
A reação do mercado foi imediata: as ações da Nano abriram o dia cotadas a US$ 10,89 e, em poucos minutos, atingiram US$ 29,18. Apesar da correção ao longo do pregão, os papéis encerraram o dia em US$ 14,85, uma valorização de 64,8% nas últimas 24 horas.
O movimento da Nano reflete uma tendência crescente de companhias listadas em bolsa alocando grandes volumes de capital em ativos digitais como parte de suas estratégias de tesouraria. Inicialmente concentrada no Bitcoin, essa prática expandiu nos últimos meses para outras criptos, incluindo Ethereum, XRP, Solana e, agora, o BNB.
Embora os investimentos em Bitcoin tenham proporcionado ganhos substanciais e passivos a diversas empresas, analistas do mercado tradicional alertam que essa euforia pode ter efeitos colaterais. Um recuo acentuado no preço da criptomoeda pode obrigar companhias a liquidar rapidamente suas posições, especialmente se os recursos usados forem provenientes de dívidas baratas — o que potencialmente pode desencadear uma liquidação em cadeia e forte queda nos preços do mercado cripto.
Em paralelo, um grupo de executivos de fundos hedge especializados em criptoativos está organizando uma captação de US$ 100 milhões para comprar BNB, segundo informações publicadas na segunda-feira pela Bloomberg. Essa movimentação reforça a ideia de que o token da Binance está ganhando apelo entre investidores institucionais em busca de oportunidades além do Bitcoin.
Atualmente, o BNB ocupa a quinta posição entre as maiores criptomoedas em valor de mercado, com capitalização superior a US$ 93,9 bilhões. Com o crescente interesse institucional, sua presença em tesourarias corporativas pode se tornar cada vez mais comum — e estratégica.
