O presidente argentino Javier Milei concedeu recentemente uma entrevista a um canal de notícias local, na qual comentou o episódio envolvendo a criptomoeda LIBRA. Durante a conversa, Milei negou ter promovido ativamente o projeto, alegando que apenas compartilhou informações sobre ele de boa fé, acreditando que poderia ser benéfico para os empreendedores argentinos. Ele refutou ainda as acusações de ter induzido investidores ao erro.
Milei classificou o incidente envolvendo a LIBRA como um alerta, que o fez repensar sua postura em relação ao acesso direto ao seu governo. Em resposta, ele anunciou que adotará um processo mais rigoroso de triagem para aqueles que desejarem contato direto com ele. O presidente afirmou que o impacto financeiro sobre os argentinos foi mínimo, e que a maioria dos investidores afetados eram dos Estados Unidos e da China, familiarizados com o mercado de alto risco.
Em sua primeira manifestação pública desde o início da controvérsia, Milei falou ao canal Todo Noticias, onde esclareceu que, embora tenha compartilhado informações sobre o projeto, não o endossou. O presidente recordou o encontro com Hayden Davis, CEO da empresa responsável pela criação da LIBRA, ocorrido no Tech Forum de outubro de 2024. Davis, que mais tarde se apresentaria como um dos assessores de Milei sobre o projeto, teria se reunido com o presidente em diversas ocasiões.
No dia 14 de fevereiro, Milei fez uma publicação nas redes sociais logo após o lançamento da criptomoeda, o que resultou em um aumento expressivo da sua capitalização de mercado, superando os 4 bilhões de dólares. No entanto, a venda massiva realizada por insiders levou a uma queda abrupta, gerando acusações de um “rug pull” (golpe de retirada) e obrigando Milei a apagar a postagem.
Defendendo sua atitude, Milei explicou que sua intenção ao compartilhar a informação foi semelhante à de outros avanços tecnológicos que ele costuma divulgar, destacando que a postagem foi feita minutos após o lançamento da moeda, pois ele tinha interesse no projeto. Para o presidente, os investidores que entraram no mercado eram traders experientes e compreendiam os riscos envolvidos.
Durante a entrevista, Milei se manteve calmo e reafirmou que não tinha nada a esconder. Quando questionado sobre o motivo de ter feito a postagem publicamente, ele reafirmou: “Eu não promovi, eu compartilhei.” Embora tenha reconhecido a repercussão negativa, ele se referiu à situação como “uma lição dura”, sem admitir que se tratava de um erro.
O presidente também enfatizou que, no futuro, ele e sua irmã, Karina Milei, que ocupa o cargo de Secretária Geral da Presidência, farão uma triagem rigorosa sobre quem terá acesso direto a eles. O presidente explicou que seu interesse inicial pela LIBRA vinha da possibilidade de que ela fosse uma alternativa de financiamento para startups argentinas, especialmente aquelas sem acesso aos mercados financeiros tradicionais.
Quando surgiram especulações de que sua conta nas redes sociais havia sido hackeada, Milei fixou a postagem para confirmar que a mensagem era de sua autoria. Contudo, após a onda de críticas, ele optou por apagá-la.
Milei também destacou que, em relação aos prejuízos causados pela queda do valor da LIBRA, os argentinos foram os menos afetados. Segundo ele, a maioria dos prejuízos foi absorvida por investidores estrangeiros, em especial de países como os EUA e a China. “O Estado perdeu dinheiro? Não. Os argentinos perderam? Talvez quatro ou cinco pessoas no máximo. A maioria dos afetados eram investidores estrangeiros”, afirmou o presidente.
Apesar de alguns relatórios apontarem que cerca de 40 mil pessoas teriam negociado a criptomoeda, Milei questionou esse número, afirmando que apenas cerca de 5 mil investidores estavam envolvidos. Ele ainda negou ter enganado os participantes, argumentando que as pessoas que entraram no mercado eram traders experientes e cientes dos riscos envolvidos.