A empresa Chiliz, especializada em SportsFi e conhecida por seus tokens de torcedores, está em movimento para retornar ao mercado norte-americano de criptoativos. A companhia realizou uma reunião com a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) no dia 22 de abril, data que coincidiu com a publicação de uma foto de seu CEO, Alexandre Dreyfus, ao lado de Bo Hines — diretor executivo do Conselho de Assessores de Ativos Digitais da campanha de Donald Trump. O encontro com Hines sinaliza que também pode ter havido conversas paralelas com representantes da Casa Branca.
Durante a reunião com a SEC, a Chiliz apresentou sua proposta para reentrar no mercado dos EUA, que está prevista para acontecer próximo à Copa do Mundo da FIFA de 2026 — torneio que terá os Estados Unidos como sede principal, com apoio de Canadá e México. Esse retorno seria impulsionado por um investimento estimado entre 50 e 100 milhões de dólares no mercado local.
A empresa também aproveitou o encontro com o órgão regulador para debater um ponto sensível: a estrutura dos fan tokens. A Chiliz argumentou que esses ativos não deveriam ser enquadrados como valores mobiliários, ou “securities”, um tema central na discussão sobre regulação do setor cripto nos EUA. De forma geral, um ativo é considerado um valor mobiliário quando há expectativa de lucro com base no esforço de terceiros — exatamente o ponto que a Chiliz tentou rebater.
Caso os reguladores norte-americanos ofereçam diretrizes mais claras para o setor, times da NBA (liga de basquete) e da NFL (liga de futebol americano) já teriam demonstrado interesse em adotar tokens de torcedores. Essa adesão poderia ampliar significativamente a presença da Chiliz no mercado esportivo norte-americano, onde já investiu anteriormente.
Em 2021, a empresa destinou US$ 80 milhões para estabelecer parcerias nos Estados Unidos. No entanto, as incertezas regulatórias — agravadas pelo colapso da FTX em 2022 — levaram a Chiliz a se retirar estrategicamente do país no ano seguinte.
Mesmo com alianças de peso no futebol europeu — como FC Barcelona, Paris Saint-Germain e Manchester City — e atuação em outras modalidades como e-sports e automobilismo, o ecossistema da Chiliz enfrenta um momento difícil. Dados da DefiLlama revelam que o valor total bloqueado (TVL) em seus protocolos despencou de US$ 17,8 milhões, em 9 de dezembro de 2024, para apenas US$ 6,5 milhões em 22 de abril de 2025 — uma queda de 63,5%.
O desempenho de seu token de governança, o CHZ, também reflete essa fase negativa. De acordo com o CoinMarketCap, o valor do ativo caiu 67% nos últimos 12 meses, sendo cotado a cerca de US$ 0,03965 atualmente.
Apesar dos desafios, a Chiliz parece determinada a reconquistar espaço nos Estados Unidos, apostando tanto na aproximação com autoridades políticas favoráveis ao setor quanto no crescimento do entusiasmo em torno da Web3 e dos ativos digitais no universo esportivo.